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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Rio Nhundiaquara

Brasil, Paraná, Morretes
Foto de Zé Paulo
Novembro 2011


Tela Morretense

Morretes dos dias de canícula,
De ardente sol abrasador.
Sol pendurado na celeste gambiarra,
Ativa os teus atores
No prado e na Serra,
Ao som do canto estridente
Da fútil cigarra.

Mas, à tardinha,
O ventro soprando
Da banda do mar,
Transforma o mormaço
Em brisa marinha,
Pondo o sabiá altaneiro a cantar.

E o Nhundiaquara morno e sereno
A passar entre seixos, lírios, jasmins.
Outras vezes encolhendo-se todo
Em poços profundos.
Sôfrego, guarda os brancos lírios,
No seu escuro e misterioso âmago.

E quando a natureza em fúria,
De nuvens o Marumbi envolve,
Em catadupa a água corre,
Em furor o seu leito cobre,
Levando os teus belos lírios
Desfalecido pelo terror.

Cada vez mais para longe...
Longe...
Para o mar!

(Lúcio Borges)

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